quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Contemplação


Agora
Que amar escorre
Volumoso feito água
A transbordar rio
Caudaloso
É tempo
De correr sem dar conta
Como criança que é
Agora
Desejo é ser
Risos sem bordas
Peixe das cores dos vôos
Descobrimentos de reinos
Vegetais de seiva luminosa
Agora
Que o sol desdobra-se
Em iluminuras dos cômodos
Internos são os silêncios
Apaziguados de certezas
Verdades são espaços
Estranhas as penitências
Agora
É de cima do morro
Que ao contemplar a vista
Percebo as sutilezas
Das paisagens da vida
Respiro ares repletos
De alegria.


(por FlaVcast em 26.11.2014)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Paisagem



Vertical e horizontal
maré e reflexo
ascenção e profundidade
dourado e celeste

De aspectos diferentes
são partes opostas
de uma paisagem
chamada vida

Verde tomado de lendas
vermelhos quentes
elevam-se em prece
profanos explodem

Mar e terra
quente e frio
estar e eternizar
doar e amar.

(por FlaVcast em 08.08.2014)

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Do lodo no fundo dos lagos


Já não sei dos meus pedaços
Dos que perdi pelos terraços
Dos destruídos pelas pancadas
Pedaços esquecidos nas calçadas

Sei das sobras que carrego
Meus pedaços de ego
Das obras que enxergo
Das bandeiras que ainda ergo

Já não sei daqueles cantos
Das noites que rolaram prantos
Das dores nas torres do castelo
E as pedras quebradas no martelo

Hoje sei que brotam as flores
Do lodo no fundo dos lagos
Em brancas pétalas de lótus
A beleza surge da delicadeza.

(por FlaVcast em 20.06.2014)

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Nêspera


É só um espanto
Como acalento
Em um dia frio

Uma iluminura
Que vem a noite
Abrilhantar o sonho

Silenciosa nêspera
Suculenta amadurece
Doce floresce aveludada

É assim em esplendor
Que se permite saborear
Em salutar degustação

Sem chamar atenção
Passa como fino olor
Aos pulmões do poeta.

(por FlaVcast em 11.06.2014)

Intimista e concreta


Minha poesia está muito intimista e concreta.
Por isso, neste momento só a divido com quem amo
e na forma mais concreta que posso... Fazendo amor.

(por FlaVcast em 27.05.2014)

quinta-feira, 13 de março de 2014

Time-lapse

Aconteceu à noite enquanto entre prédios
Quem podia juntava-se à janela a ver o céu
Outros nem tanto observadores seguem a vida
Quem podia sussurrava baixo ao pé do ouvido

Aconteceu tímido ao luar o aguardado beijo
Entre um sonoro silêncio e outro aconteceu
Aconteceu sem precisar de certezas ou falas
Um enternecido ponto de tudo que aconteceu

Luas envoltas em nuvens cheias ou minguadas
Pálidas ou ensopadas dos desejos dos amantes
Demarcaram o tempo dos desencontros do céu
Estrelas cadentes rasgam pedidos equivocados

Tempos são para se passar e passamos óbvios
Surgem botões de tulipas a aflorarem calados
Tempo ama contar cenas de intrincadas levezas
Mazelas enquanto se encontram novas janelas

Cometas iluminam breves vãos olhares solícitos
Não temem estes reflexos dimensionar sorrisos
Voltam por assim serem seus hábitos noturnos
Amantes servem-se da noite aos goles é paixão.

(por FlaVcast em 13.03.2014)

O silêncio dos traços


Tem silêncio em meus pensamentos
Tem alvoroço de calores espontâneos
Inacabados desejos borbulhantes
Distantes hoje soam meio amargos

Tem por querer jorrar vida umedecida
Manchadas por gotas de todos os dias
Desmoronam pedras do muro ecoam
Silenciam voltadas ao céu estanques

Tem silêncios de brotos de cores
Germinadas à soleira dos fatos
Dispensam alegorias esgarçadas
Nascem dos pinceis silenciosos traços.

(por FlaVcast em 13.03.2014)

sexta-feira, 7 de março de 2014

Texturas diminutas


Pintar a parede de imagens
Tão rápidas quanto sonoras
Dispostas são parte do amar

Texturas diminutas são notas
Intimas de onde entregas são
Olhares que se falam a piscar.

(por FlaVcast em 07.03.2014)

O desalento do silêncio


É tarde tátil
Tende a abafar
Aquiescer-se
De tons quentes

Oh leito desatinado
Corre por entranhas
Estranhas gemas
De pepitas lapida-se

A noite assume fusco
O desalento do silêncio
Entre o enlutado vapor
Vinga solene o enluarado.

(por FlaVcast em 07.03.2014)

A formiga do formigueiro


Formigueiro
Caminhos entre funções e tempos
Autômato autoral é só mais um auto
Mato concreto com esparsos verdes

Vai e vem diário
Das formigas em seu ofício de seguir
Trânsito danado mudanças de rumos
Ziguezagues constantes entre contrastes

Movimentos
Atos ligeiros na luta por poucos espaços
Ritmo sufocante em que cresce dilacerante
Dicotomias perfeitas entre o ser e o estar

O que é a formiga
Dessas que esquecem as pernas ao chão
Notívagas posturas cristalizadas em silicones
Obedientes formigas transitam temerosas.

(Por FlaVcast em 05.03.2014)

Tarde verdejada


Hoje verdejou a tarde
Em passarada
Foi uma brisa de cantos
A refresca-la.

(por FlaVcast em 21.02.2014)

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Para um dia se for...


Para que um dia possa ser sol
adentrar pela porta e iluminar sorrisos

Como alegria que toma o peito
ansioso de abrir janelas de azuis umedecidos

Para que em flor desabroche
feito perfumes e cores tardes remisniscentes

Como vaga-lumes de noites quentes
serem estrelas cadentes de olhos juvenis


Seja essa a pureza que fique perene
como poeira de móvel envelhecido de proezas

Sustentados ao bafo quente do quarto
naquela sensação de um amor retido na pele

Amareladas de âmbar antigo as fotos
desprevenidas canções a desaguar nos pratos

Como fora imagens sem sons os sonhos
em que via em meus olhos o quanto te amei.

(por FlaVcast em 26.02.2014)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

As flores dos manacás da serra


Quanto se descaminha até o passo que leva à frente a marcha da natureza
Ou quanto se desama até o amar amanhecer como fruto solto em seiva
Que surge sem saber-se que semente vingada germinara a tanto tempo
Bendito seja o fruto que fora preservado na inocência da menina de olhares
Aos olhos do homem que nem se era, errava-se tolo não fosse poeta

Ao tempo foram risos marcados desperdícios de sentimentos alheios
Aprendizagens de argumentos entre armamentos de guerras santas e quantas
Balas de frutas vermelhas escorridas em lençóis rotos fugiam-se sedentas
Aos desbotados de batons foram os lábios tortos devorados em aprendizados

Desencontros tão paralelos que de graça hoje o sentido se acerca
Nas coisas simples como setas, cupidos matreiros anteviram alvos certos
A propósitos que dos desvios da vida qualificou-se destinos de janelas abertas
Fuga deveria ter sido feita no final da nave central, ponto crucial de não estar
Era aquele abraço que a coragem deveria tê-la tomado de seus panos brancos

Desventuras juvenis a serem levadas ao azul do enluarado das noites quentes
Hoje apresentam como gasturas sombreadas das copas dos manacás da serra
Recoloridos são os brancos a alcançarem os rosas e roxos de tonalidades sutis
Amadurecer ao tempo que de sentido se presta as flores aos deleites do amor.

(por FlaVcast em 19.02.2014)

Espelho quebrado em noite de verão



Por onde caiu você meu vidro de espelho que na descalma atropelada de um motoboy partiu-se. Como de mil pedaços partem-se todos os dias os retro-visores do passado longínquo. Como desenlembranças deixadas nas ruas que não olhamos mais ou apressamentos de faróis que nos brecam os vaga-lumes amarelinhos ou então aqueles restolhos de céus. Das estrelas os reflexos dos brancos luminescências azuis dos faróis dos importados ou insuspeitáveis carro invejosos de status. Foram dos pobres cacos as retro-perpectivas voltas por uma cidade que se passeava livre à zona norte, ao leste das meninas apenas em quartos de horas só para passar pelo tempo que se ficasse de saco cheio, gastava-se atoa. Sem funk-se ou foda-se, agora se estaciona em smartfones dispersos em comunicações tão mais rápidas que os BMW tão populares quanto as A4 folhas brancas alvas jogadas ao chão preto asfáltico sem tempo de limbo. Ah, fosse lampejos dos brejos os pontos hoje de comércio. As casas velhas de um Itaim que só se justifica o Bibi das buzinas histéricas dos realmente autoimóveis, entupidores das ruas do desespero daqueles que trombam necessidades das pressas dos desesperos dos coletivos. Quando coletivos eram os modos, as calmas das boas maneiras e o respeito ao cidadão. Ah cidadão refreada de espaços burros por onde andas, já não é espelho.

(por FlaVcast em 19.02.2014)

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

À procura de ninhos em postes


Eu que da cidade venho
À procura de ninhos em postes
Dos pássaros os Manueis de Barros
E sei das tristezas dos menininhos

Das borboletas os casulos
Morro dos medos não das mortes
Mas dos como se dão os silêncios
Os pretextos das noites

As faltas das estrelas
Escondidas nebulosas dos olhos
Das horas que recolhe-se a linha
Dos pipas que deixam de voar

Libertos no céu menininhos e rabiolas
Deveriam dar razantes em soleiras
Virem ao solo somente às mãos
Dos pais a colocarem no banho

Tamanho não fosse medida
Menininhos não deveriam crescer
Sem linhas fortes enroladas em latas
Ou bolas de gude guardadas nas mesmas

Dos medos temo os menininhos tristes
Daqueles que tento não deixa-los ver
Em mim que trago feito bolas de sabão
a escapulir-me por entre falas os sonhos.

(por FlaVcast em 17.02.2014)

Menininhos que chovem


Hoje choveu menininhos
Como não chovia a tempos
Sobre terras áridas adultas
Ressecadas de sol, choveram

Choveram pingos grossos aqui
Acola pingos certeiros ao vento
Como quisessem acertar a cabeça
Do homem que brincava a desviar

Choveu forte, choveu fraco, molhado
Menininhos pingavam sorrateiros
Furiosos como quem pula de árvores
Em ataques tatu bolinhas, escorriam

Grudentas melecas tiradas das abas
Das espadas de sorvetes derretidos
Que nem as investidas socorridas
Evitavam ser a mulher do padre

Hoje choveu menininhos tristes
Como se fossem as nuvens mães
Que os jogassem solitários à vida
A correr por sarjetas as ruas sujas

Sem sol apenas choveu menininhos
Os meus e os ateus que nem sempre
São teus os menininhos que chovem
Calados de um lado ou de outro vão

Como cismados procurassem tamanhos
Que coubessem em gotas que chovessem
Para dentro do temporal este solo abissal
Dos tempos em que garotos só garoavam.

(por FlaVcast em 16.02.2014)

Qual é a sua solidão?


Qual é que te toma de um vazio noturno a alma
e tece-te de incertezas as rotas de fuga
Daquelas que mesmo de bom espírto
ao fim de um dia dourado toma-te a alma de falta
Cabe o que nesse vazio de estrelas dum luar sépia
sem ecos ou sons mudos distantes
Alquimia ou um silêncio do peso do próximo passo
que pode ser ao espaço ou ao seu lado

Qual a sua, solidão, que não venha bater às portas
do coração a levar ilusão
Devastadora deseja calibrar os pensamentos
em dias que as glórias brotam em flores ao sol
Que mais fazeres teria a preterir antes de escolher
alvo recipiente aberto feito de caos
Como atreve pousar em campo fertil
sem controlar vício da exposição em alusão ao vento

São segredos fechados nas gavetas
trancafiadas dos armários empoeirados do tempo
Covardias explícitas tão ávidas de auto flagelacões
a desgastar a culpabilidade amarela
Libidinosos cheios de impulsos carnais
que oprimem os limites mais absurdos a sós
Refastelados sossêgos esses tão tênues momentos
que não importa a próxima porta

Qual é a sua solidão de um amor
desejado esse dissimulado engasgo fechado no peito
Ou vem da morte a desesperança de que o dia raia
sem ter a presença marcada em foto
Tens mesmo que não queira ver como sombra
segue passo a passo e às vezes a verá
Gravitar como desenhar o plainar de um pássaro
desconhecido de hábitos estranhos.

(por FlaVcast em 07.02.2014)

Setas


Não são bicos
Em riste setas
Ponteagúdas
Acertas pele

Norena pele
E fios brancos
Sentem calor

Sobe tensão
Sobra tesão
Senta ao colo

São lábios
A explorar
A pele
Os picos.

(por FlaVcast em 23.01.2014)