sábado, 31 de março de 2012

Do observar as flores



Saber como dar cores
Às flores riscadas
Soltas em traços
Rápidos e escorridos

...Entre pingos
Aqui e ali
Borrados...
Na precisão da mão

É como necessidade
De encontrar palavras
Exatas expressões
Do que o outro
Deverá entender

Olhar as cores
Absorvendo-as
Como olhar que encontra
Ou explodir junto
Em gozo lírico

É como receber da cor
O que a flor
Singelamente
Quer lhe dizer.

(FlaVcast– 31.03.2012)

quinta-feira, 29 de março de 2012

Por que?



Por que?
Não sei

...

Porque pedi
Por que imaginei
Porque haveria
De assim ser

Desejei
Com o que há
De mais puro
O amor

Por que como o sol
Que a noite completa
Venha... Preciso
De suas estrelas

Porque não fosse
Diferenças poucas
Seriamos menos belos
Na exatidão

Como terra
A desaguar no mar
Temos o chão
E profundidade

Do belo
O calor do corpo
Do máximo
Que seja eterno

Porque não poderia
Ser mais exata
A tradução
Do que já desejei

E nem falo de curvas
Prestígio ou ouro
São detalhes
Como amêndoas

E vinhos
E hinos
Delírios
Nossos vícios

Por que
Porque chegou
É hora de acontecer
Venha vamos viver.

(FlaVcast – 30.03.2012)

quarta-feira, 28 de março de 2012

A razão de te amar



Voçê não me sai da cabeça
Então é razão

Não é para agirmos com a razão?

Então te amo

Porque te amar
parace ser a razão
de valer viver

E viver
É sentir
E sinto

Sua presença
É recente
No meu corpo

É clara
A lembrança
Da sua voz

E o coração
Diz pára
Em disparada

Sou corpo
Mente
E calma

Que acenta
A alma.

(FlaVcast – 28.03.2012)

terça-feira, 27 de março de 2012

A doçura cigana

 

A doçura cigana
Se cerca de mimos
Trás sabores nativos
De terras férteis

Sem saber que a cerca
Em olhares os traços
Nos rastros o perfume
Em seus passos gingados

Olhos soturnos de caló
Clã dos amantes acuados
Andarilho das luas nuas
Pródigo em versar amores

Disposta a riscos vorazes
Ilumina de gingas a roda
Dos sapatos puxa palmas
Destas o rebolado e abalos

Dança menina a atrair olhares
Rodopia a saia em mira certeira
Provoca sábia de seus encantos
Ele que observa das sombras

Dos cânticos sonoros da noite
As taças lhe trazem apetites
Dos alimentos buscou caça
Nos prazeres entregou-se fêmea

A carruagem tingida de Baco
De súbito foi cumplice palco
Onde um imprevisível encanto
Bastou um manto ao desenlace

Inebriados cessaram palavras
Fogueira a abrandar-se calma
Apaixonados os lábios sentiam
Cansados os corações uniam-se

Andarilhos deixaram indícios
Solstícios das longas noites
Buscariam entre as noites escuras
Onde acender fogueiras e ver estrelas.

(FlaVcast – 27.03.2012)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Garrafas de vinho


 
Eram quietas ali
Garrafas
A disparar
Dos paladares
À escolha do tom
Da noite

Fortuitas
Quase ingênuas
Traziam rubor
À pele úmida
Cálidos olhares
Distribuíam

Cumplices
Aromas despiam
Despercebidos
Atos picantes
Corpos em harmonia
Degustavam-se

Vazias
Terminavam
Mudas testemunhas
De libidinosos beijos
Tórridas cenas
Do mais ébrio sexo.

(FlaVcast – 26.03.2012)

O Existir

Alberto Giacometti no atelier, Paris 1950 Foto de Ernst Scheidegger
 
Eu quando crio
sou
me move o existir
em ideia
ato físico
objeto

Parte
do que chamo arte
como canais de lava
busca em ato imediato
saída à torrente de pensamentos
provo que necessito ser visto
mas não depois do que pode
ser agora a beleza da erupção

Do vulcão ser inusitada paisagem
o assombramento do medo
o risco de ser tragada
ter a falta de lógica que invade
ou a maldade de fazer prisioneira

Por certo deixar de ser vislumbre
reflexo de espelho
miragem
ou apenas vulto que passa

Tocar o infinito dos olhos
ser todo a reconhecer
inteiro

Ser plenitude de complexos

O amor é bastar-se
do outro.

(FlaVcast – 26.03.2012)




“O homem não é antes para ser visto depois, mas ele é o ser cuja essência é existir para o outro”. Sartre

(Da coluna “Fique em casa”, por Manuel da Costa Pinto, em “Aparições do ser – Ensaios de Sartre descrevem “revolução copernicana” do escultor suíço Alberto Giacometti”.)

sábado, 24 de março de 2012

Longe



Tão longe
Seu brilho
Sigo-o só

Entre tantos
Que tentam
Ofusca-la

Sigo em sigilo
E trago mudo
Rosas vermelhas

Escondidas
São investidas
Perdidas sem ti.

(FlaVcast –24.03.2012)

Conchas



Invade-me
O coração
Uma esperança

Que abre
Em gentilezas
Sorrisos

Doces pérolas
Únicas
Em conchas

Surgem
Ao mar vazante
E brilham ao sol.

(FlaVcast –24.03.2012)

Qual a magia



Qual a magia
Para roubar
Seu sono
E te fazer rolar
Em torpe nudez
Trêmula à cama

Ter desejo
Mórbido
De matar de amor
Lasciva e úmida
Fazer em descompasso
Suplicas de amor

Suspirar
Cálida
Entre os lábios
Palavras e beijos
Confessar em segredo
Os caminhos do gozo.

(FlaVcast –24.03.2012)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Periférico



Não fazer parte
Da cena
Ser periférico
De um dilema
Com centro

Perdido
Entre estrelas
Brilhar negro
Em um amor
Sina de vida

Cercada
Das atenções
É alvo de foco
A luz destaca
Sorrisos plenos

Periférico
É libertar o amor
Que deveras
Desejei
Ser meu.

(FlaVcast –23.03.2012)

terça-feira, 20 de março de 2012

Aprendizado



Não possuo mais morteiros
Quanto mais tiros certeiros
Se houver que possa servir
Que seja a apreendida vida
Que em turbilhão levou-me
Outrora a viver sem pensar.

(FlaVcast – 20.03.2012)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Cisma de soprar



Dizem as cores
Escolherem
Atrevidas
Onde desejam
Surgir
Propostas à beleza
Questionam motivos
Inebriam sentidos
Misturam-se
Em festa dançam
Conforme a luz
Entregues
Amores surgem
Como deseja a deusa
Poesia
Sedutora a escolher autor
Dos mais íntimos
Motivos
Molda
Fugazes olhares
Fisga
Em insólitos amores
Veste às cores
Sentimentos
Que ela Poesia
Cisma de soprar
Por onde inebriado poeta
Caminhe.

(FlaVcast –16.03.2012)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Lembranças



A poesia tem me abordado
De passados revisitados
Onde fora feita no ato
Hoje ama só no retrato

Das imagens que levo
Algumas são perfumadas
Outras um visco saboroso
Um tapete de pele nua

Em sons são penumbras
De tardes preguiçosas
Onde múrmuros largados
Preenchiam de luz as plantas

Poesias revisitadas ou estradas
Por onde percorrem desejos
Gracejos em sorrisos contidos
Esvaíssem solúveis como nuvens.

(FlaVcast – 12.03.2012)

domingo, 11 de março de 2012

Noite de amor



Do beijo
Surge o toque
Orgasmo vem da pele

Corre a língua
Pêlos movem-se
O corpo entrega-se

Corpos
Esfregam-se
O momento é o ato

Explosão
Tremor no universo
Chegamos juntos

Entregue
Em seus cabelos
Acolhida em carinhos

Corpos nus
Quando reconhecidos
Aconchegos entre sonhos

Amanhece
A luz no corpo nu
Desperta desejos sonolentos

Acordar
Seu corpo preguiçoso
Prazer indescritível

O dia sorri
Café perfuma a cama
O dia será longo.

(FlaVcast –11.03.2012)

terça-feira, 6 de março de 2012

Como linho



Quando da mulher
Possuo
Olhar mais atento
Suspeito agir
Contra o vento
Possuo
O toque do linho
E macio a toco.

(FlaVcast – 06.03.2012)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Pedradas



Se me acertas o olho
Com essas palavras
Fico cego de amor.

(FlaVcast – 05.03.2012)

Poemas de rapina



Tantos os poemas
Que voam soltos
Dos seus lábios
Como pássaros
A alçar voo
Rasantes
Caçam certeiros
Corações na plateia
Escondem-se
Amedrontados estes
Temem frágeis
Serem levados
Por emoções tórridas
Num voo sem volta.

(FlaVcast – 05.03.2012)

domingo, 4 de março de 2012

Amanhecer



É assim que amanhece
Com cheiro de orvalho
Frio
Onde passa a vista
Vapor denso
E silêncio.

(FlaVcast – 05.03.2012)