quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Para um dia se for...


Para que um dia possa ser sol
adentrar pela porta e iluminar sorrisos

Como alegria que toma o peito
ansioso de abrir janelas de azuis umedecidos

Para que em flor desabroche
feito perfumes e cores tardes remisniscentes

Como vaga-lumes de noites quentes
serem estrelas cadentes de olhos juvenis


Seja essa a pureza que fique perene
como poeira de móvel envelhecido de proezas

Sustentados ao bafo quente do quarto
naquela sensação de um amor retido na pele

Amareladas de âmbar antigo as fotos
desprevenidas canções a desaguar nos pratos

Como fora imagens sem sons os sonhos
em que via em meus olhos o quanto te amei.

(por FlaVcast em 26.02.2014)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

As flores dos manacás da serra


Quanto se descaminha até o passo que leva à frente a marcha da natureza
Ou quanto se desama até o amar amanhecer como fruto solto em seiva
Que surge sem saber-se que semente vingada germinara a tanto tempo
Bendito seja o fruto que fora preservado na inocência da menina de olhares
Aos olhos do homem que nem se era, errava-se tolo não fosse poeta

Ao tempo foram risos marcados desperdícios de sentimentos alheios
Aprendizagens de argumentos entre armamentos de guerras santas e quantas
Balas de frutas vermelhas escorridas em lençóis rotos fugiam-se sedentas
Aos desbotados de batons foram os lábios tortos devorados em aprendizados

Desencontros tão paralelos que de graça hoje o sentido se acerca
Nas coisas simples como setas, cupidos matreiros anteviram alvos certos
A propósitos que dos desvios da vida qualificou-se destinos de janelas abertas
Fuga deveria ter sido feita no final da nave central, ponto crucial de não estar
Era aquele abraço que a coragem deveria tê-la tomado de seus panos brancos

Desventuras juvenis a serem levadas ao azul do enluarado das noites quentes
Hoje apresentam como gasturas sombreadas das copas dos manacás da serra
Recoloridos são os brancos a alcançarem os rosas e roxos de tonalidades sutis
Amadurecer ao tempo que de sentido se presta as flores aos deleites do amor.

(por FlaVcast em 19.02.2014)

Espelho quebrado em noite de verão



Por onde caiu você meu vidro de espelho que na descalma atropelada de um motoboy partiu-se. Como de mil pedaços partem-se todos os dias os retro-visores do passado longínquo. Como desenlembranças deixadas nas ruas que não olhamos mais ou apressamentos de faróis que nos brecam os vaga-lumes amarelinhos ou então aqueles restolhos de céus. Das estrelas os reflexos dos brancos luminescências azuis dos faróis dos importados ou insuspeitáveis carro invejosos de status. Foram dos pobres cacos as retro-perpectivas voltas por uma cidade que se passeava livre à zona norte, ao leste das meninas apenas em quartos de horas só para passar pelo tempo que se ficasse de saco cheio, gastava-se atoa. Sem funk-se ou foda-se, agora se estaciona em smartfones dispersos em comunicações tão mais rápidas que os BMW tão populares quanto as A4 folhas brancas alvas jogadas ao chão preto asfáltico sem tempo de limbo. Ah, fosse lampejos dos brejos os pontos hoje de comércio. As casas velhas de um Itaim que só se justifica o Bibi das buzinas histéricas dos realmente autoimóveis, entupidores das ruas do desespero daqueles que trombam necessidades das pressas dos desesperos dos coletivos. Quando coletivos eram os modos, as calmas das boas maneiras e o respeito ao cidadão. Ah cidadão refreada de espaços burros por onde andas, já não é espelho.

(por FlaVcast em 19.02.2014)

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

À procura de ninhos em postes


Eu que da cidade venho
À procura de ninhos em postes
Dos pássaros os Manueis de Barros
E sei das tristezas dos menininhos

Das borboletas os casulos
Morro dos medos não das mortes
Mas dos como se dão os silêncios
Os pretextos das noites

As faltas das estrelas
Escondidas nebulosas dos olhos
Das horas que recolhe-se a linha
Dos pipas que deixam de voar

Libertos no céu menininhos e rabiolas
Deveriam dar razantes em soleiras
Virem ao solo somente às mãos
Dos pais a colocarem no banho

Tamanho não fosse medida
Menininhos não deveriam crescer
Sem linhas fortes enroladas em latas
Ou bolas de gude guardadas nas mesmas

Dos medos temo os menininhos tristes
Daqueles que tento não deixa-los ver
Em mim que trago feito bolas de sabão
a escapulir-me por entre falas os sonhos.

(por FlaVcast em 17.02.2014)

Menininhos que chovem


Hoje choveu menininhos
Como não chovia a tempos
Sobre terras áridas adultas
Ressecadas de sol, choveram

Choveram pingos grossos aqui
Acola pingos certeiros ao vento
Como quisessem acertar a cabeça
Do homem que brincava a desviar

Choveu forte, choveu fraco, molhado
Menininhos pingavam sorrateiros
Furiosos como quem pula de árvores
Em ataques tatu bolinhas, escorriam

Grudentas melecas tiradas das abas
Das espadas de sorvetes derretidos
Que nem as investidas socorridas
Evitavam ser a mulher do padre

Hoje choveu menininhos tristes
Como se fossem as nuvens mães
Que os jogassem solitários à vida
A correr por sarjetas as ruas sujas

Sem sol apenas choveu menininhos
Os meus e os ateus que nem sempre
São teus os menininhos que chovem
Calados de um lado ou de outro vão

Como cismados procurassem tamanhos
Que coubessem em gotas que chovessem
Para dentro do temporal este solo abissal
Dos tempos em que garotos só garoavam.

(por FlaVcast em 16.02.2014)

Qual é a sua solidão?


Qual é que te toma de um vazio noturno a alma
e tece-te de incertezas as rotas de fuga
Daquelas que mesmo de bom espírto
ao fim de um dia dourado toma-te a alma de falta
Cabe o que nesse vazio de estrelas dum luar sépia
sem ecos ou sons mudos distantes
Alquimia ou um silêncio do peso do próximo passo
que pode ser ao espaço ou ao seu lado

Qual a sua, solidão, que não venha bater às portas
do coração a levar ilusão
Devastadora deseja calibrar os pensamentos
em dias que as glórias brotam em flores ao sol
Que mais fazeres teria a preterir antes de escolher
alvo recipiente aberto feito de caos
Como atreve pousar em campo fertil
sem controlar vício da exposição em alusão ao vento

São segredos fechados nas gavetas
trancafiadas dos armários empoeirados do tempo
Covardias explícitas tão ávidas de auto flagelacões
a desgastar a culpabilidade amarela
Libidinosos cheios de impulsos carnais
que oprimem os limites mais absurdos a sós
Refastelados sossêgos esses tão tênues momentos
que não importa a próxima porta

Qual é a sua solidão de um amor
desejado esse dissimulado engasgo fechado no peito
Ou vem da morte a desesperança de que o dia raia
sem ter a presença marcada em foto
Tens mesmo que não queira ver como sombra
segue passo a passo e às vezes a verá
Gravitar como desenhar o plainar de um pássaro
desconhecido de hábitos estranhos.

(por FlaVcast em 07.02.2014)

Setas


Não são bicos
Em riste setas
Ponteagúdas
Acertas pele

Norena pele
E fios brancos
Sentem calor

Sobe tensão
Sobra tesão
Senta ao colo

São lábios
A explorar
A pele
Os picos.

(por FlaVcast em 23.01.2014)