segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Menininhos que chovem


Hoje choveu menininhos
Como não chovia a tempos
Sobre terras áridas adultas
Ressecadas de sol, choveram

Choveram pingos grossos aqui
Acola pingos certeiros ao vento
Como quisessem acertar a cabeça
Do homem que brincava a desviar

Choveu forte, choveu fraco, molhado
Menininhos pingavam sorrateiros
Furiosos como quem pula de árvores
Em ataques tatu bolinhas, escorriam

Grudentas melecas tiradas das abas
Das espadas de sorvetes derretidos
Que nem as investidas socorridas
Evitavam ser a mulher do padre

Hoje choveu menininhos tristes
Como se fossem as nuvens mães
Que os jogassem solitários à vida
A correr por sarjetas as ruas sujas

Sem sol apenas choveu menininhos
Os meus e os ateus que nem sempre
São teus os menininhos que chovem
Calados de um lado ou de outro vão

Como cismados procurassem tamanhos
Que coubessem em gotas que chovessem
Para dentro do temporal este solo abissal
Dos tempos em que garotos só garoavam.

(por FlaVcast em 16.02.2014)

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