quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Espelho quebrado em noite de verão



Por onde caiu você meu vidro de espelho que na descalma atropelada de um motoboy partiu-se. Como de mil pedaços partem-se todos os dias os retro-visores do passado longínquo. Como desenlembranças deixadas nas ruas que não olhamos mais ou apressamentos de faróis que nos brecam os vaga-lumes amarelinhos ou então aqueles restolhos de céus. Das estrelas os reflexos dos brancos luminescências azuis dos faróis dos importados ou insuspeitáveis carro invejosos de status. Foram dos pobres cacos as retro-perpectivas voltas por uma cidade que se passeava livre à zona norte, ao leste das meninas apenas em quartos de horas só para passar pelo tempo que se ficasse de saco cheio, gastava-se atoa. Sem funk-se ou foda-se, agora se estaciona em smartfones dispersos em comunicações tão mais rápidas que os BMW tão populares quanto as A4 folhas brancas alvas jogadas ao chão preto asfáltico sem tempo de limbo. Ah, fosse lampejos dos brejos os pontos hoje de comércio. As casas velhas de um Itaim que só se justifica o Bibi das buzinas histéricas dos realmente autoimóveis, entupidores das ruas do desespero daqueles que trombam necessidades das pressas dos desesperos dos coletivos. Quando coletivos eram os modos, as calmas das boas maneiras e o respeito ao cidadão. Ah cidadão refreada de espaços burros por onde andas, já não é espelho.

(por FlaVcast em 19.02.2014)

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