quinta-feira, 30 de junho de 2011

A pública do poeta

TELA DE BASQUIAT

Não é jogo de tática
É tão pouco postura
Política
Seja talvez uma dádiva
Às vezes molhada
De lágrimas
Outras amadas
Distâncias compartilhadas
 
 
A quem tenha vergonha
Mostrar-se sensível
Ou disponível
Ao amor seja qual for
Identificar-se com a dor
Muitas vezes fere
A imagem que ergue
E a precisa imaculada
 
 
Curtir o que
O poeta
O que publica
Sua poesia cultura
Pode ser que seja
Um pedaço seu exposto
Mas não é imposto
É questão de gosto
Um pressuposto
 
 
É a liberdade que se tem
Do dizer acreditar
Que gosta de uma boca
Maldita em versos tortos
Veste-se a camisa
Ou a deixe passar
Como se deve deixar
Passar qualquer forma
Exposta de amor
 
 
Mas pode saborear
Sentir o gosto
E passar
Silenciosamente
À parte
Faz parte.
 
 
(FlavCast – 30.06.2011)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sonho

Por que me voltas
Sonho
Que recupero
Da noite passada
Que foi da anterior

Vem sonho acordar
Do sono do corpo

Sonho
Torturado na busca
Do beijo roubado
Mal interpretado
Traduzidos desejos

Das partes do corpo
Sonho
Pele macia
E toque aveluado
Do que sinto
Mas não vejo

Sonho de prazer
Que nem se sabe
Porque
Sonho
Onde encontro
É esquecido
No sono.

(FlaVcast – 18.06.2011)

Caos


Confusos
Confusos

Confusos
Pensamentos
Orçamentos
Procedimentos
Confusos

Precentimentos
Confusos

Sentimentos
Tormentos
Pesadelos

Confusos

Ornamentos
Talentos
Pigmentos

Confusos
Interesses
Imagens
Detalhes

Confusos
Parafusos
Obtusos

Preciso
Dos momentos
Que não tenho
Dos entendimentos
Que não possuo
Das pessoas
Que não posso
Das músicas
Que não canto


O caos é a força de renascer a cada dia.

(FlaVcast – 18.06.2011)

Dor surreal


É o frio que trás
Essa dor afiada
Agulha de gelo
Cravada na carne

Ampulheta entupida
Que impede o tempo
Por lamento estremeço
A dor corroe por dentro

É a dor do não poder
Depois do querer
Depois do tombo
Chute em pedregulho

É a pergunta a tira colo
Que te resta incerta
Antes do tiro
Por que o fizera

Por qual egoismo
Deu-te ao luxo
Naquilo que poderia
Ser tudo do todo que era

Alí te bate a dor
A dor que não pára
Algo que não larga
São lembranças feridas

Gela a alma e deixa na boca
Um gosto amargo de não amar
Ou um buque de vinho rançoso
E a dor não passa trapaça

E que dor tens aí
Não é dor de culpa
Desculpas te caem melhor
É dor do que te arremata

Dor de sentar a guia da calçada
Olhar o céu em desespero
E perceber que corre desenfreadas
Lágrimas amargas em direção ao ralo.

(FlavCast – 17.06.2011)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O amor no beijo


Comum aos dois os beijos
O que é comum aos dois
Os beijos...

Desperdiçados
Ao vento

Estes tremidos de desejos
... Suculentos...
perdidos no tempo

Os dois como bençãos
Surgem feito premissas

De inesperadas ondas
A escancarar o desejo
... Incondito...

de demonstrar em ato
a felicidade de te amar.

(FlaVcast – 14.06.2011)

O amor em alguma instância


Sabe
Te amei tanto
E hoje nem sei porque
Por que não deixei
De te amar

Porque te amar
Foi sonho
Do sonho de realizar

Onde...
Nem sabia
Desejoso
De querer tanto
Amar-te matilha

Amei ou amo
Em alguma instência
Que nem sei

Amo porque nem a dor
Fez-me passar-te

Feito céu
A transformar os sonhos
Em nuvens de flores
Para escorrer perfumes.

(FlaVcast – 14.06.2011)

Tulipas negras


Escolheu tulipas negras
Não para dizerem
Estarrecidas da morte

Mas para darem norte

Para que parasse
E pensasse

Que homem seria esse
Que não se entrega
Súdito ao vermelho das rosas

Qual homem
Que de dourado sol
Plantaria o negro

Quem sabe seja homem
Repleto que é de alma rosa
E que em seu excesso
Descarta cores

Manchado de dispersos amores
E de cores feito pudores
Entregar-se como pinceladas
Ao dom divino do criar

Em teu
Desanevuadas

As nuvens passam.

(FlaVcast – 14.06.2011)

sábado, 11 de junho de 2011

Quero te amanhecer


Quero te amanhecer
Em sorrisos testemunhos
Precoces beijos roubá-los
Com preguiça ainda alardeada

Lascivo poder tocar
Em contentamento a pele
Que nua desperta e languida
Das sensações presentes do gozo

Olhar adernado feito naufrago
Perdidamente apaixonado em mar
Que não caber em mim de tanto você
A distante ilha que procuro chegar

Me faz entender entrega
Como raio de sol que doa-se
Ao adentrar o quarto silencioso
Entregando-nos solene o dia

E que todos os dias
Possa acordar desejoso de você
Amar e transformar o dia de canções
Sorrisos e a tua mão acariciá-la.

(FlaVcast – 11.06.2011)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Escolhestes as tuas estradas


Escolhestes as tuas estradas
As mãos de quem apertar
Os tapetes onde pisar
A pessoa a te amar

Houve uma fração de segundos
Branda bifurcação em que viu
O caminho verter em lágrimas
Decidiu teus sonhos voar

Coube a resignação da dor
O silêncio das noites escuras
O dormir sem ter o que sonhar
As flores desperdiçadas murchar

Te sorriem constelações e sorte
Onde o menino de short correrá
Os amores quem sabe encontrarás
Porém lançada a fagulha sabe-se lá

Da parte deixada para trás acontece
Quiçá ler em versos poderás amanhã
Nem se sabe ao certo o que morrerá
Como o todo de uma parte que foi

Das dores do coração descubro-me
Faço em verso bolero vermelho em cor
O que me faz possesso é o incauto ego
Que delacera não há espera e desespera.

(FlaVcast – 09.06.2011)

sábado, 4 de junho de 2011

Precisei


...Precisei
De cada amor que tive
De cada paixão irremediavelmente
...Perdida...
De cada paixão não correspondida
Amaldiçoadamente ferida

Cada dor cansada de desamor
As lágrimas...
Choradas na escuridão
A solidão...
Descoberta entre lençóis vazios

...Precisei

De cada desilusão
...E das ilusões próximas
Do que era quase perfeito

Dos beijos...
Inspirados beijos
...Precisei do sexo
Às vezes perplexo...

Precisei de cada jura de amor feita
Acreditadas que foram
...Às vezes compartilhada
E outras coisas inusitadas
Achadas às vezes

Precisei...

Revisitar lembranças
Perder muitos encantos
Rodar algumas vezes
...Em prantos

Precisei engolir ideiais
Fugir de animais
Para entender o meu desejo

Aprender a equilibrar os sonhos
Ao mundo mágico que se esconde no real

Aprender que o tal do amor acontece
Quando menos esperamos
...Acontece

E que muitas vezes...
De tão simples e tranquilo
Deixei passar à espera do magnífico

Precisei tormar posse do que apenas sou

...Precisei
Dedicar-me ao amor

Precisei pagar penas pesadas
Muitas vezes vontades eram amordaçadas

Precisei levar bofetadas para aprender
Que não sou o único ruim
Mas tem gente que é má
...E finge inocência como uma esfinge

Precisei aprender que o amor é simples
Quando se assossega o coração.

(FlaVcast – 04.06.2011)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A olhar-te próxima

FOTO GOOGLE - ARTE FLAVCAST

...Ontem
A olhar-te próxima
Encantei-me
Com teus lábios
E o teu olhar

Falavas
Em voz baixa
Algo que nem ouvi
Mas vejo ainda teus lábios
E a vida em teus olhos

Tão próximos
Totalmente estáticos
Perdi-me naquele espaço
Senti vontade da tua boca
Pude até ouvi-la suspirar.

(FlaVcast – 03.06.2011)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Riscados e desenhados

FOTOS GOOGLE - ARTE FLAVCAST

Por que querer
Parece geométrico
Como se fosse reto
Um caminho direto

Pois estamos presentes
De linear os esquadros
Das nossas conjunturas
E algumas testemunhas

Paralelismos em opostos
Foram duas retas corridas
Abertas em compasso, riscos
Entre nós tantas tangentes

As quadraturas das tuas curvas
O risco eminente de você de luvas
Quase tão suave quanto sua calma
Eu finjo não ter pressa, mas me abraça

Porque entre os números, a sorte
Dentre os mantras, nossos suspiros
Entre o dia e noite, nós, nem sempre a sós
E entre o antes e o depois, colocamos risos

Porque onde estivermos o sol aparece
A lua bem vinda sem hipocrisia, magia
Saturno às vezes me faz bicudo, pontuo
Porem libra meio destrambelhada, equilibra

Porque ainda temos muitas páginas em branco
Levo lápis de cor e caixas de tintas, tira fotografia?
Confesso, rabisco letrinhas miúdas em noites de lua
Mas matreiro, entre o vinho e o poema te deixo nua.

(FlaVcast – 02.06.2011)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A saudade que tenho


A saudade que tenho
É de alguem que não tive
É do que voou livre
E eu não a tive

É saudade do por vir
De alguem que sempre foi
E hoje ainda é
É saudade do desejo

É como lembrar de um amor
Que nunca tenha feito
É saudade da alegria
Do sorrir com os olhos

A saudade que tenho
Superam décadas de apreço
É reconhecida em vários momentos
É como sonho revisitado

É saudade de estar ao lado
De braço dado a andar no lago
É saudade de reeditada admiração
É uma saudade quase paixão.

(FlaVcast – 01.06.2011)

A deusa e o rio


O que sabes deusa
Da minha sorte muda

Se colocas plácida
Entre as sombras
Próxima ao rio bravo

Esse abranda-se
Perante suas belezas

Cativado porém temeroso
Ele não sabe ao certo
Se é digno do seu corpo
Banhar à luz da tarde quente

Consorte de águas claras
Deseja refletir seus sorrisos
Nas noites claras de luar

Quisera o rio em águas idas
Já ter banhado seu corpo
Abençoado saberia revelado
Todo o seu passado

Valeria assim as margens
Corridas em toda sua tragetória.


(FlaVcast – 01.06.2011)