sexta-feira, 17 de junho de 2011

Dor surreal


É o frio que trás
Essa dor afiada
Agulha de gelo
Cravada na carne

Ampulheta entupida
Que impede o tempo
Por lamento estremeço
A dor corroe por dentro

É a dor do não poder
Depois do querer
Depois do tombo
Chute em pedregulho

É a pergunta a tira colo
Que te resta incerta
Antes do tiro
Por que o fizera

Por qual egoismo
Deu-te ao luxo
Naquilo que poderia
Ser tudo do todo que era

Alí te bate a dor
A dor que não pára
Algo que não larga
São lembranças feridas

Gela a alma e deixa na boca
Um gosto amargo de não amar
Ou um buque de vinho rançoso
E a dor não passa trapaça

E que dor tens aí
Não é dor de culpa
Desculpas te caem melhor
É dor do que te arremata

Dor de sentar a guia da calçada
Olhar o céu em desespero
E perceber que corre desenfreadas
Lágrimas amargas em direção ao ralo.

(FlavCast – 17.06.2011)

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