Na sala de paredes brancas
Há uma grande e colorida tela
Uma poltrona e um ser a observar
Sem saber ao certo por onde começar
Do silêncio às vezes urgente
Faz-se necessária a observação
O olhar sereno da primeira impressão
Deixar a tela fazer a sua comunicação
As cores e formas exibem-se
Contam das partes que lhe cabem
Sabedoras de como pensam existir
Em primeiro plano é só superfície
O ser procura ouvir seus matizes
Os claros e delicados tons contrastam
Com o que dizem suas mudas sombras
No abstrato é confusa a percepção
É nessa confusão que o ser mergulha
A procurar a dinâmica das pinceladas
Vasculha curioso onde a tela foi iniciada
Para mostrar que ela ainda é inacabada
E corre o tempo por contrastes e luzes
E se joga ao perceber camadas de tintas
As perspectivas disformes viram palcos
E das contidas devolutivas a tela escorre
Movimentam-se aos poucos as cores vibrantes
Outras são como mutantes reinventam-se
Tomadas de si mesmas acalmam-se caladas
As destemperadas refugiam-se diluídas
Aos poucos é outra tela das mesmas tintas
Uma releitura feita da coragem da entrega
O ser tanto quanto é saí manchado da alegria
De ter apreciado mais um quadro inacabado.(FlaVcast – 27.08.2011)
* ao dia do psicólogo
** em especial à Karinne
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