sábado, 6 de julho de 2013

Um canto irredutível de fuga


Nos dias guardados
Por aquelas frestas
Das janelas fechadas
Onde uns raios parcos
De sol e o pó a flutuar
Silencioso entre o vazio
Da sala e o sofá perpétuo

O corpo nu é desabado
Como cansaço duma vida
Ali tênue fosse opressor
De um ímpeto de entrega vil
Aos tons cinza desbotados
Das sombras de um poema
Desapropriam contos de amor

E fosse o desejo de nada ouvir
Interrompido pelo pulsar oco
Indiferente dum coração veloz
Nessas gotas encharcadas de frio
Uma esperança forçada em dor
E do que mais nada pudesse ser
Do que canto irredutível de fuga.

(por FlaVcast em 07.07.2013)

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