sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O Grilo




Tantos foram os acenos
Tímidas tentativas de ser notado
Em seu desfile diário pela rua
Foram “ois” solitários a desejar
Bons dias!
Sorrisos amarelos a dizer
Baixinho
Que estavas linda!
Tropeços ridículos
A mostrar habilidades que não tinha
Os escorregões
Estes até engraçados
Envergonhavam ao imaginar saberes
Foram faixas estendidas com dicas
Placas a desviar seu rumo
E eu passar ao lado
Passeios malfadados em barcas furadas
Um infinito descer e subir escadas
E quando chovia
Era eu ali parado
Todo encharcado a segurar a rosa
Ah... Mas como era gostoso te esperar passar
Solta paparicada por ébrios apaixonados
Passava a sorrir enaltecida de aplausos
Ria solista do seu palco
E eu ali descalço com a flor na mão
Empoleirado a assistir de longe
Os torpes galanteios disparados
Do outro lado da rua até torcia
Nos aparentes melhores cavalos do páreo
Mas que nada, seus saltos são altos
E à rua longa desfila alegre
Filha de mouros durante o dia
Quando das lanternas acesas
A noite se fazia e ali estava eu
Entre primaveras e vagalumes
A rodear o candeeiro da sua janela
Era meu o suspiro que sempre ouvias
Ao apagar sonolento de suas luzes
Dormias.


(FlaVcast – 04.08.2012)

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