sábado, 4 de fevereiro de 2012

A fábula do encontro do Desejo com a Razão



Ela, a Razão
Lúcida, centrada
Concreta, terra

Ele, o Desejo
Emocional, disperso
Abstrato, fogo

O Desejo começa a notar que o percebido
possuía contornos sutis ainda mais belos

Em sua fala a Razão, em seus olhares
carregados de paixões e suas convicções
seduzia. Entre anjos e arcanjos brilhava

Tinhoso, afinal o Desejo trás algo de profano
Pergunta...

- É errado o desejo desmedido da paixão?

Voluntariosa a Razão se entrega ao tema...

- É certo o desmedido da paixão, é vulcão
Há na lava o combustível necessário
para que o fogo intenso queime as ilusões
concretas de algo novo que pode ser amor

Paixões agudas veneradamente febris
Entre azuis, os rosas, são fim de tarde
Buscam ensandecidos orgasmos gentis
É hora de perder-se em descompasso

...Erupção...

Amor acontece do encontro da lava e o mar
É o caudaloso a transformar-se em rocha
Mesmo impiedosa a lava morre submersa
É a imensidão do mar a resfriar ímpetos

... Suicídio...

Engana-se quem vê no vapor a morte
Este ao ganhar os céus, é sinal de enlace
É a destruição de partes e novas possibilidades
É acomodação de sedimentos, é vida, renovação

O Desejo então aproveita

- Mas de onde vem a paixão?

...

- A paixão vem da completude, coexistência,
Admiração, o conhecimento de um elemento pelo outro...

...Amizade...

...Da tentação natural do núcleo em fogo expandir-se
A terra tenta barra-lo, alimenta com sua volúpia
os ímpetos do fogo... As forças do corpo, da terra
não mais resistem... Entregam-se... E dessa força
irrompe a paixão

...Reconhecem-se em suas forças?...

- Sim

Diz a Razão com o olhar encabulado ao Desejo.

(FlaVcast – 05.02.2012)

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