Sabe meu amor
Daquela imagem
Aquela do universo
E seu vazio reverso
Desculpe-me mas é preciso chorar um pouco
Chorar pelo que me transformei e nem sei
Se for vítima ou meu algoz e o que importa
O que desvela é a falta da linha e a sorte jazida
Esse vazio de nu
Foi bombardeado
Que tudo que foi
De repente sumiu
Quero chorar todos os maus entendidos
As dores já nem sei de que tipo sofremos
Chorar o meu fazer sofrer a quem diga sim
Ou não chorar solidão e não saber dar a mão
Sumiu sua força
E ainda resiste
Tornou-se negro
E sonha com cores
Já não sei qual a parte dessa arte não sou eu
Onde se escondeu meu eu que não mais reflete
Não acreditem é tudo parte do flerte, divirta-se
Sombrio é perguntar para acertar e errar sempre
Vê-se descrente
E crê em que
Teme e treme
Sabe e erra
Chorar em um brinde a tudo que já acreditei
Às malditas sinceridades mentidas e algumas metidas
Um brinde ao filho da puta que sou e mais ninguém
Chorar a taça vazia de todas as minhas derrotas
Pudera são cometas
Machucam as flores
Cometem horrores
Muitas noites morrerem
Chorar alguns desencontros e outros tantos luares
Quem sabe apaziguar a alma num prato ou pranto
Chorar por não ter direito ao certo e culpar ninguém
Também por dizer amém e roubar bala do armazem
Com que ousadia
O vazio deseja viril
Comportar o universo
Só mesmo em verso
Chorar por não saber amar, não confiar em si mesmo
Chorar para sobreviver enquanto puder produzir, sobreviver
Mesmo com avisos abismos e as cenas de terrorismo
Sei minha parte das culpas, são grandes, não alucinantes
O vazio é nada
O possível imaculado
No nada não há nada
O tudo é tudo e nada
Choro pelas mãos estendidas e as tão queridas ausências
Pelas telas e tintas desperdiçadas não deviam ser maculadas
As peladas de rua, as deixadas, as faltas graves, as bolas nas traves
Os mortos perdidos ante as canastras desperdiçadas de algo sem nome
Infinita é a possibilidade
De colocar qualquer coisa
De eco a um encontrar
O vazio precisa acreditar
Choro em agradecimento por tudo que já amei e você meu bem
A impossibilidade eterna de não poder e querer só ser
Choro as parcerias desfeitas, as emendas e reprimendas
O que seria da vida se você não tivesse acontecido em mim.
(FlavCast – 18.02.2011)