No arremedo do sabor
Das uvas passas amarga
Lembranças de dias frios
Congelam-se sentimentos
Como se o ódio precisasse
Alimentar-se dos sabores
Que lhe é impossível sentir
Entrega tingiu lhe a boca
Vassalo intrépido usurpador
De culturas londrinas posa
Feito pomba a levar recados
Antropofágicos mentem felizes
Dos brilhos que lhe escorrem
Entre as pernas resgatam
Sentados em tronos brancos
Semanais de capas periódicas
Vogam vitórias patrocinadas
Pelo sexo baixo das caricaturas
Engessadas nas solas vermelhas
Encobrem-se em risos as culpas
Fácil é cuspir ridículos verbetes
Em seus alvos despidos de armas
Diminuir no outro o que teme viver
Avessos ao silêncio do templo giram
Não é de hoje que mascaras iludem
A corte festeja tolos atraídos ao covil
Mas que importam estampas douradas
Se o inferno transborda na madrugada.
(FlaVcast – 10.10.2011)