segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ode lírica


Em ti
Uno-me
A ti
Entrego
Onde deseje
A ode lírica
De um amor
Castigado
Em parte
De ti
Devo depositar
Em eloquente
Devoção
A porção mais depurada
Do que possa fazer
De ti
Mulher amada
Pense não fale
Aos toques mínimos
Meu sentimento
Lá depositará.

(FlaVcast – 01.11.2011)

Jogo de espelhos

 

Foram refletidas as imagens
Dobradas multiplicadas
Quebradas do corpo
Que sou
Onírico ou concentro
Envelhecidos ângulos
A desfazer-me cubista
Era eu em imagens
Recortadas partes de pensamentos
Distantes próximos ali
Refletidos e eu a observar
Ler-me
Não sei se me acalenta
Decreta-me apenas os fatos
Inusitados desprezos a que tenho
Respeito à minúscula imagem
Em que me percebo ao longe
Sou tão próximo de mim
Que multiplico em infinito
Capaz há um eixo
Uma diminuta linha
Em que me reconheço
Nas partes de um que sou.

(FlaVcast – 01.11.2011)

domingo, 30 de outubro de 2011

Últimos segundos




Existe um desespero
No meu peito torpe
Que deseja degustar
O zerar dos segundos

Será momento sublime
Entreolhar reconhecerá
Tocaremos nossos lábios
E o coração voltará a pulsar.

(FlaVcast – 30.10.2011)

Navegador


Foram tantas as sortes
Lançadas ao mar revolto
Tantos domingos sem sol
Inúmeras noites escuras

Diziam os ventos ardentes
Que fora naufrago tinhoso
Das mortes que teve surgia
Lançado em banco de areia

Haverá de cessar o vento
Em calmaria criar unguentos
Plantar raiz e recolher do amor
A força do que ainda será viver.

(FlaVcast – 30.10.2011)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Das tardes que te amo


Das tardes
Em que te pego
Às mãos

Aos passos largos
Puxo sua surpresa
A correr a rua

Respirar na parada
Do beijo que roubo
No muro da casa

Abandonada

A roupa pela escada
Revela nudez das sombras
Escorridos movimentos

Frenéticos os suspiros
Flutuam a tilintar poeira
Levada pelo calor do amor

Os raios de sol
Afastam-se
Calma
A tarde esvai
A noite acolhedora
Chega.

(FlaVcast – 25.10.2011)

Fala de qualquer modo


Fala de qualquer modo
Fala que essa cria é sua
Essa coisa que me invade
Aprisiona feita masmorra

Quente úmida e delirante
Desfaz a fleuma do desejo
Inundando todo meu mundo
Prisioneira nua dos sonhos

Sirvo falas sedutoras sente
O fino toque brilhante fio
Escorre a denunciar o medo
Entregar-me fêmea à morte

Porque cerca de muralha
O seio doce me toma cruel
De onde luz passam nuvens
Ou a dor do meu amor doado

Toma-me em silêncio invade
Das marcas gotas escorrem
De um suor apaixonado ar
Que falta ao beijo delirante

Fala que criou esse demônio
Que ocupa-me as entranhas
Fala que comprou meus olhos
Entrego-me à loucura que sinto.

(FlaVcast – 25.10.2011)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A pele que te cerca


Senti segurar-lhe pelo rosto
Com as minhas mãos a calar
Ao tocar a pele que te cerca
De finas linhas rosas aveludadas

Roubar-lhe um beijo entregue
Leve como balão de ar colorido
Legitimar sussurros mundanos
Em seus ouvidos detonar gemidos

Displicente aquecer seu ventre
Certeiro umedecer os lábios
Vermelhos por trás olhares
Aos poucos pertencer ao amor.

(FlaVcast – 21.10.2011)

Fora do contexto


Asas podadas
Quando jovens
Em tardes azuis
Ascendem termas

Do que fala a vida
Adquirida das partes
Deixadas nas solidões
Sobreviver solicita-se

Vem totalmente fora
Do contexto que vigora
Abusos vorazes imperam
Qual mal a ser sentimental

Impetuoso sou texto
Não revoga a palheta
Das tuas cores pretextos
Do meu traço desejos.

(FlaVcast – 21.10.2011)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Imperfeita

 

A cada mergulho
Imperfeito o amor
Ama mesmo
ou acomoda
Cada um sabe qual o desejo
Ou seu injustificado desprezo

Usar do seu
Se o outro não usar
o problema é dele
Não sabe amar
Ela não
Pediu para ser amada

Ama-se porque quer
Falo de quase santa
Agradece questionar
ou não tomar a benção
Puto do homem levado
A desforra ou afora

Defender o tempo
Tal como se fosse único
o fazer agonizante
Agora a conversa voa assim
Sem poder admitir um lado
As fraquezas abertas na mente

Expor os ângulos que temes
Respirar sem mascaras
                os gases assumem erros
Acrescentar juntos ou pararmos
Dar melhor forma para nós

Admite voar feito bobo
Um idiota na mão da vida
ou um tratado
Para outros mostrados
Papel de pudica
Amor não se publica.

(FlaVcast – 18.10.2011)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Investidas cotidianas


No arremedo do sabor
Das uvas passas amarga
Lembranças de dias frios
Congelam-se sentimentos

Como se o ódio precisasse
Alimentar-se dos sabores
Que lhe é impossível sentir
Entrega tingiu lhe a boca

Vassalo intrépido usurpador
De culturas londrinas posa
Feito pomba a levar recados
Antropofágicos mentem felizes

Dos brilhos que lhe escorrem
Entre as pernas resgatam
Sentados em tronos brancos
Semanais de capas periódicas

Vogam vitórias patrocinadas
Pelo sexo baixo das caricaturas
Engessadas nas solas vermelhas
Encobrem-se em risos as culpas

Fácil é cuspir ridículos verbetes
Em seus alvos despidos de armas
Diminuir no outro o que teme viver
Avessos ao silêncio do templo giram

Não é de hoje que mascaras iludem
A corte festeja tolos atraídos ao covil
Mas que importam estampas douradas
Se o inferno transborda na madrugada.

(FlaVcast – 10.10.2011)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Caminho da praia

 
Tão pouco fossem as pétalas
As únicas a exalar perfumes
Seriam as contidas libélulas
A plainar leves e admiradas

Dos volumes
Seus costumes
Vestidos em flores
Seus passos em cores

Talvez a tarde menos rubra
E estrelas não se apressassem
A compor cenário inimaginado
Desejo inspirado de estar ao lado

Andar de pés descalços na areia
Girar ou estender as mãos
Respirar em comunhão
Fazer toda noite ter lua cheia

Andar fora da linha
Não ter janelas
Fazer parte
Ser cena

Compor poemas
Ao ver estrelas
Só por amor
Fazer amor

Passos aos pares
Marcados
Deixam os rastros
Desenhados

Andamos assim
Despreocupados
Que importa
Que sigam os passos.

(FlaVcast – 07.10.2011) 

NEGOCIAR


(FlaVcast – 07.10.2011)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Maré vazante


...Lacre em pingo de vela
   Guardam imagens
   Em papel de seda
   Caixa lacrada levada
   Em maré que vaza...

(FlaVcast – 06.10.2011)

Irresponsável blasé

 
Tudo é contexto
Conceitos vazios
Atirados a esmo
Debates a provar
O néctar luxuoso
Da vulgaridade

Castidade chula
Perdura nua
Equivale a tudo
Com bom preço
Vale o roubo
Do outro sujeito

Justificativas escusas
Escondidas na solidão
É podridão encoberta
Ou falsa modéstia
Irresponsável blasé
Desfazer de afeto

Ter credo só quando
Não se tem remédio
Faz do outro objeto
Jogando-lhe a culpa
Da sua origem esquecida
Ouro lhe deu vertigem

Bendito ou maldito
Será o dia vindouro
Que sentirá a resposta
Da sua pensada idiotice
Tolice egoísta festeja
A tolher a vida.

(FlaVcast – 06.10.2011)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Total

Total
Como tempo
Que foge aos olhos
Quando este invadido
De lágrima esvai
A escorrer a dor
Pungente

Total
Como alegria
A explodir em risos
No instante desprendido
De repente atrai
A invadir de humor
Eloquente

Total
É a entrega
Dos sentimentos
Do amante envaidecido
Ante a amada encontrai
Amparo edificador
Ascendente

Total
Como amor
Envolto em riscos
Descobre surpreendido
Suicida a jogar-se caí
Sagrado é sabor
Envolvente.

(FlaVcast –05.10.2011)

domingo, 2 de outubro de 2011

Jardim da solidão

 

As flores as mais belas
Exalam perfumes
Esmeram-se em cores
Envolvem-se de volumes
Vaidosas que são
A buscar destacar-se
No jardim da solidão.

(FlaVcast - 02.10.2011)