domingo, 30 de setembro de 2012

É triste a dor que se encerra na raiva




É triste a dor que se encerra na raiva
Em que não se pode mostrar o choro
Falta de não poder viver o que é real
Viver a fantasia de textos passionais

O rosto que não mostra a desordem
Que se encerra nas quedas e marcas
Do viver no passado e o hoje ausente
Presente devolvido em falsos retratos

Queiram acreditar amigos e os penso
Sábios haveriam de querer ouvir outro
Mas crucificar é tão mais fácil à rima

Valem-se preceitos da idiotice masculina
E a fragilidade da fêmea em intima ferida
Mas só quem mora na verdade não agride.

(FlaVcast – 01.09.2012)

sábado, 29 de setembro de 2012

Falta


De Matt Lynch

Sou ainda mais
Sentido ao faltar

Quando tomada
De sentir toques

Em seu corpo nu
Moreno

Sente o peso
Dos meus dedos

Sem tê-los
Recordam

Incautos
E incontroláveis

Provocam
E você me odeia.

(FlaVcast – 30.09.2012)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Suas costas vazias




Da poesia em que marco teu corpo
Uso da ponta dos dedos efêmeros
Tão somente carícias em folha nua
Virginal convite à criação de sonetos

Das linhas das mãos onde me perco
Em beijos começo frases escorridas
Deleitadas estrofes e contorções sutis
Gemidos traduzem à língua do amor

Palavras tão minhas transparências
Diz em tinta pele da procura o amar
Minar sem rimas as defesas do gozo

Brindar de poesia suas costas vazias
Que em poros adentro em perfumes
Riscos sentimentos ou rubros batons.

(FlaVcast – 27.09.2012)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Alturas despencadas




Quando noite
No escuro
Sinto cheiro de flores
Sonhadas
São perfumes
A reviver cenas
Ou luzes
Dos vagalumes
A bailarem no ar

Quando chuva
Escuto os brilhos
Dos olhos úmidos
A gotejarem
Sós
São passos
Desfocados no asfalto
Alturas despencadas
Das lembranças.

(FlaVcast – 26.09.2012)

domingo, 23 de setembro de 2012

O vazio e o espaço




O escuro
Consome-se
Ao reconhecer a luz
Na busca ao centro
Escuro do escuro
Ao negar a luz
Fortalece-a
Em branco

Como o negativo
A projetar-se
Nega a sim mesmo
A fugir do que é zero
Porque zero já não é
Negativo
O positivo ocupa
O espaço vazio

Há de sumir o negativo
A afastar-se simplesmente
Resoluto de seu destino
Consome-se
Não importa o que preencha
O espaço é para ser assumido.

(FlaVcast – 24.09.2012)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ladrilhos




Pequenos quadrados gelados
Brancos de bordas arredondadas
Perfilam-se agora em seus seios
As coxas o ventre e os braços

Marcados são os ladrilhos
Do vapor escorrido da sua pele
Molhado contraste dos cabelos
Vermelhos mancham ladrilhos

Os lábios escorridos beijos
Trocados de lado entre falas
Tez alva impele desejo em curvas
Água que inesperada foi esconderijo.

(FlaVcast – 21.09.2012)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Casulo eminente




Hoje as solidões
Reclusas entram
Paredes adentro
Manchas rubras

Escorridos olhos
Angulosas dores
Perspectivas são
Elementos azuis

Nem silêncio ser
Só ar a oferecer
Como o precisar
Vir a borboletear

Casulo eminente
Só ser resguardo
Reconstruído quis
Das asas a nascer.

(FlaVcast – 20.09.2012)

domingo, 16 de setembro de 2012

Vão todos




Foram todos
Uns com outros
Dotados de sabedorias
E suas vis intolerâncias

Marchas egóicas
Em passos largos
Pisam transloucados
Os disparates erros outros

Quantos dos todos
Arriscam-se não ser perfeitos
Mesmo a assumirem erros
Todos andam estratégicos

Juntos juntam-se
Dispersam-se oportunos
Entre dizeres líricos
Vão todos em passos rápidos.

(FlaVcast – 17.09.2012)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Fornalha




Vertigens
Vácuos
Vazios
Estorricados
Em chapa
Quente
Fornalha
De navio
De guerra
Onde veloz
Desprezo é
Vácuos pessoais
Vertigens são
Vazios perdidos
Do que poderia
Ser calor humano.

(FlaVcast – 15.09.2012)